O direito ao ócio e à expropriação individual foi publicado originalmente nas páginas de L’Aldunata dei Refrattari, jornal anarquista de perspectiva insurrecional impresso em língua italiana entre 1922 e 1971 em Nova Iorque. A versão do texto em espanhol foi difundida na cidade de Montevidéu em 1933 nas páginas do jornal Afirmación sob o pseudônimo Briand (utilizado por Severino di Giovanni). O jornal Afirmación era editado por Miguel Ramos, que teve de sair de Buenos Aires (onde o jornal foi inicialmente publicado) e atravessar o Rio da Prata sentido Montevidéu para se exilar após o golpe militar dado pelo verme-general Uriburu em setembro de 1930. Mesmo após o golpe, Severino decidiu seguir em Buenos Aires, onde continuou realizando expropriações, ataques explosivos direto aos símbolos do Estado e do capitalismo, bem como escrevendo e publicando textos anarquistas.
A intensidade das ações, a indocilidade própria das táticas insurrecionais anárquicas e a dificuldade do Estado em capturá-lo, o transformou em um dos principais alvos das polícias do Rio da Prata. Após uma intensa perseguição que durou anos, o Estado argentino conseguiu prendê-lo e assassiná-lo no paredão de fuzilamento no dia 1 de fevereiro de 1931, dois anos antes da publicação do texto em espanhol, que, portanto, foi difundido postumamente.
O material que publicamos aqui foi escrito há quase 100 anos, ou seja, em um contexto diferente do de hoje, no qual o capitalismo tinha como base o trabalho braçal e ainda não existiam noções contemporâneas como trabalho “criativo” e “intelectual”, próprias do neoliberalismo. Mesmo assim, entendemos que o texto segue extremamente atual e necessário, já que, seja nas fábricas do início do século XX ou nas empresas do século XXI, a exploração e o domínio sobre os corpos se mantém.