[tradução de comunicado recebido sobre a situação dos companheiros anarquistas Aldo e Lucas Hernández, atualmente sequestrados atrás das grades nas prisões chilenas].
Já vão mais de dois anos daquele 2 de dezembro de 2022, dia dos diversos arrombamentos orquestrados pela Promotoria de Alta Complexidade Metropolitana Sul, onde foram invadidos seis domicílios. Cinco deles na Região Metropolitana e um na região de Valparaíso, todos registrados por grupos policiais OS9, GOPE e LABOCAR, com um resultado de seis detidos, sendo que quatro passaram à prisão preventiva. Dois destes correspondem aos irmãos e companheiros Aldo e Lucas Hernández.
No transcurso dos meses os companheiros seguiram sob investigação pelo ataque explosivo à Direção Nacional de Gendarmería de Chile; Aldo foi indicado como o suposto colocador do artefato e também é acusado de delitos da Lei de Controle de Armas, igual que Lucas, acusado por diversos delitos da Lei de Controle de Armas e Explosivos.
Meses depois aos companheiros se solicita uma audiência de reformalização, somando delitos para ambos, como a fabricação de armas e de artefatos explosivos, por diversos elementos encontrados no domicílio invadido em Pedro Aguirre Cerda.
Nesse processo temos visto como a promotoria, através de artimanhas e jogos sujos, tenta prejudicar e amendrontar com prisão a este entorno, buscando informações e até mesmo delações com o fim de terminar a investigação e poder firmar o que a promotoria acusa. Todavia, segue tendo um resultado negativo ao assédio, já que todos os detidos posteriormente à operação policial se mantiveram dignos e íntegros às medíocres tentativas do promotor Claudio Orellana, demonstrando na prática cumplicidade e lealdade aos princípios do companherismo anti-autoritário.
No transcurso dos meses os companheiros viveram diversas e diferentes realidades carcerárias, já que desde o começo foram separados em uma tentativa de romper seus laços familiares, sem ter contato e compartilhar o mesmo espaço físico há mais de dois anos.
Neste momento ambos se encontram na espera da audiência de preparação de julgamento oral, a qual foi adiada já em duas ocasiões sob diversos argumentos jurídicos. Na espera do julgamento que demorou mais de dois anos, os companheiros seguem sem poder se reunir, sob alegação de “questões de segurança”, vulnerabilizando seu direito de conservar o vínculo familiar que os une.
Nessa audiência arriscam a pegar condenações exemplificadoras. Para Aldo a promotoria solicita uma condenação de 90 anos e para Lucas de 26 anos. Afirmamos exemplificadoras porque essa quantidade excessiva de anos somente busca amedrontar o entorno e a quem decida devolver os golpes dando a cara, sem esperar iludidos e idealizados o momento oportuno para enfrentar nossos inimigos.
Aldo e Lucas seguem íntegros e com o ímpeto intacto para seguir contribuindo e fortalecendo o caminhar anárquico fora e dentro das prisões, aferrando-se firmemente a seus ideais e seus valores, no apoio a diversos companheiros que se viram privados de liberdade assim como eles, fazendo das suas ideias uma ameaça real para o leque de condutas nefastas dentro da prisão e praticando a solidariedade carcerária. Seguem se posicionando a prisão e seus seus carcereiros dentro das suas próprias casas (as prisões).
O poder segue golpeando, as represálias são parte do cotidiano/cativeiro de nossos irmãos.
O último acontecimento foi a transferência de Aldo para o módulo 2 de máxima segurança no presídio “La Gonzalina”, no dia 24 de dezembro de 2024, mudando assim seu regime carcerário. Atualmente se encontra com um cotidiano de 21h dentro de uma cela e 3 horas de pátio, somado a diversas restrições, como proibição de aparelhos eletrônicos (TV, chaleira elétrica, rádios).
Essa transferência foi produto de um arrombamento realizado no módulo 12 (onde Aldo se encontrava há dois anos). No dia 18 de dezembro se encontra no interior de sua cela a informação pessoal dos 16 funcionários da gendarmeria lesionados no dia do atentado à direção nacional (27 de dezembro de 2021). Essa informação se encontrava nas pastas investigativas do caso, motivo pelo qual os responsáveis por sua transferência para a prisão de La Gonzalina decidem por seu isolamento.
A prática violenta segue mais vigente que nunca, e é sangue para bombear os corações dos nossos irmãos na prisão.
Cada ação certeira, cada gesto de propaganda revela a vulnerabilidade de um sistema predador que se sustenta por uma falsa segurança que não é mais do que uma careta quebrável e ao alcance das nossas mãos cheias de convicção e coragem.
As ações como ataques com armas-bombas a instituições-polícias-aparatos que protegem os interesses do poder e dos ricos são somente uma mostra disso.
Que quem nos oprime tenha medo, que as balas tenham nomes e sobrenomes, que nossas energias sejam capazes de criar o que nossa imaginação alguma vez pensou, que se transborde cada ideia na mente de quem olha que a luta violenta é possível.
Fogo e morte ao espectador, ao necrófago, ao mártir e ao abutre.
Liberdade para xs convencidxs, certeirxs, y
que vão contra a dominação!
Presxs anarquistas, subversivxs y mapuche para as ruas!
Que nos atrevamos a criar o proibido!
Fazer das ideias uma ameaça real!
Aldo y Lucas Hernández às ruas!
Fevereiro, 2025.