[tradução de comunicado publicado originalmente em Buscando La Kalle].
“Ninguém poderá apagar a história da resistência ofensiva fora e dentro das prisões chilenas porque os esforços de centenas de companheirxs e cúmplices em todo o mundo estão comprometidxs com isso, e elxs não param e não pararão até verem cair o último bastião da sociedade carcerária.”
(Esclarecimentos necessários sobre a prisão política no Chile hoje – várias redes afins, fevereiro de 2022).
Unindo vontades e consciências pela liberdade do companheiro Marcelo Villarroel
Há um ano, nesta época, estávamos realizando uma greve de fome que durou 50 dias exigindo a revogação das modificações do D.L. 321, a anulação das condenações do Ministério Público Militar e com isso a libertação de nosso companheiro Marcelo Villarroel.
Hoje, a esta luta que está em plena vigência, damos um novo impulso tendo como prioridade coletiva a liberdade de Marcelo, sobre quem se condensam explícitas e inaceitáveis aberrações jurídicas que vão além da própria legalidade do Poder.
Marcelo foi detido na Argentina em março de 2008, onde esteve 22 meses na prisão e logo foi expulso para o Chile. Hoje, pouco mais de um ano e meio após cumprir a pena de 14 anos por dois assaltos a duas agências bancárias em 2007, o companheiro se encontra atrás das grades também por um conjunto de condenações do início dos anos 1990 feitas pelo tribunal militar de Pinochet, que hoje somam mais de 46 anos. Com isso, querem sepultá-lo na prisão, perpetuando suas penas em meio a um inaceitável silêncio cúmplice de todas as estruturas que afirmam a trama política, jurídica, policial e penitenciária do Estado chileno.
Na atualidade, quando o governo da vez fala de “fim da transição, a justiça militar parece não existir, já que a mesma se encontra questionada a nível internacional e por amplos setores político e sociais neste país, mas isso não é mais que uma virtualidade. Na realidade a bota militar segue presente com a cumplicidade de muitas pessoas, mantendo revolucionárixs presxs e evidenciando nos fatos a perversa continuidade da ditadura civil-militar de antes.
Apesar das condições adversas marcadas por décadas de prisão em regimes de máxima e alta segurança, Marcelo sempre se manteve ativo e presente nos distintos momentos de luta.
Foi membro ativo do extinto Mapu-Lautaro, motivo pelo qual se arrastam condenações por fatos ocorridos há mais de 30 anos. Logo, foi parte do núcleo fundador do Koletivo Kamina Libre nas prisões da transição democrática do capital, levando a cabo, conjuntamente, múltiplas greves de fome, motins e mobilizações que se traduziram na libertação de quase todxs xs-membrxs de Kamina Libre entre 2002 e 2004.
Suas múltiplas reflexões subversivas, autônomas e anárquicas têm sido uma forte contribuição ao debate e às práticas anticarcerárias dentro e fora da prisão, demonstrando que a pessoa presa é uma companheira que se encontra temporariamente em uma situação de isolamento, de onde também é parte e representa uma contribuição à luta.
Nesse sentido, foi gerada uma solidariedade combativa entendida como uma relação recíproca que envolve tanto a pessoa presa quanto os entornos solidários na rua, onde x companheirx tem sido e é parte dessa construção constante que combate as práticas vitimistas e assistencialistas que causaram tanto dano em diversas iniciativas de luta pela liberdade dxs presxs da guerra social, da revolta e mapuche.
Nesses momentos em que o Poder se reajusta para mostrar uma cara amável, continuamos e fortalecemos este caminho de enfrentamento apontando coletivamente, como presxs anarquistas e subversivxs, pela liberdade de nosso companheiro Marcelo Villaroel.
Sabemos e entendemos que uma das principais contradições político-jurídicas da atualidade é a manutenção e aplicação das sentenças da justiça militar. Por isso para nossos esforços, em todas as formas de luta, estão centrados hoje na anulação das referidas sentenças, o que tiraria imediatamente Marcelo da prisão, já que ele também é o preso político que mais anos cumpriu pena nas prisões do Estado chileno hoje isso não pode mais ser ignorado.
Partindo do princípio de que xs nossxs presxs são compas que nos faltam na rua, fazemos um apelo à prática da solidariedade combativa e em todos os planos que nos permitam tirar Marcelo deste já longo confinamento, usando toda a nossa imaginação e meios à nossa disposição para eliminar de uma vez por todas a desastrosa justiça militar, suas sentenças e seu terrível legado na história recente deste território.
Chamamos com firmeza e cumplicidade fraterna a todxs aquelxs que tem consciência da justeza desta necessária luta como parte do enfrentamento à perpetuidade vingativa das sentenças impostas pelo poder aos nossxs compas de luta.
Saudamos com profunda alegria a recente saída do compa Pablo Bahamondez, “Oso” e a consequente anulação de seu processo judicial, evidenciando como o poder mantém companheirxs na cadeia por anos para depois serem absolvidxs por processos profundamente ilegais que ninguém é responsabilizado, incluindo os anos de prisão.
A todos os espaços anticarcerários, às nossas redes irmãs, às rádios e plataformas de divulgação e contra-informação, aos grupos, células e afins, às bibliotecas, editoras, publicações e okupações, às brigadas muralistas, oficinas, bandas e criadorxs multiformes, axs companheirxs e irmãxs de luta e rebeldes de todos os territórios, convocamos vocês para enfrentarmos juntos essa batalha urgente e inescapável.
~ANULAÇÃO DAS CONDENAÇÕES DA JUSTIÇA MILITAR CONTRA MARCELO VILLAROEL!
~LIBERDADE IMEDIATA!
~UNINDO VONTADES E CONSCIÊNCIAS PELA LIBERDADE DO COMPANHEIRO MARCELO VILLAROEL!
~LIBERDADE PARA XS PRESXS SUBVERSIVXS, ANARQUISTAS E MAPUCHE!
~MORTE AO ESTADO E VIVA A ANARQUIA!
~ENQUANTO EXISTA MISÉRIA, HAVERÁ REBELIÃO!
Mónica Caballero Sepúlveda
Cárcere de mulheres de San Miguel, Santiago.
Francisco Solar Domínguez
Módulo 2 da prisão-empresa de segurança máxima Rancagua.
Joaquín García Chancks,
Juan Aliste Vega,
Marcelo Villaroel Sepúlveda
Módulo 1 alta segurança, prisão-empresa Rancagua.
1 de maio de 2022.