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Diante das condenações solicitadas pelos perseguidores, solidariedade e cumplicidade com Mónica e Francisco!

[tradução de comunicado difundido no dia 23 de agosto de 2022 no território dominado pelo estado chileno]

Em 24 de julho de 2020 xs companheirxs Mónica e Francisco são detidxs em diferentes operações repressivas. O poder acusa Francisco de enviar pacotes explosivos contra o ex-ministro do interior Rodrigo Hinzpeter e contra a 54 delegacia de Huechuraba (ação ocorrida em 24 de julho de 2019, reivindicada por “Cúmplices Sediciosos/Facção para a Vingança”), enquanto que ambxs são acusadxs do duplo atentado explosivo contra o Edifício Tánica na comuna de Vitacura (ação realizada em plena revolta, no dia 27 de fevereiro de 2020, reivindicada por “Afinidades Armadas em Revolta”).

Durante estes mais de dois anos de prisão, Mónica permaneceu no módulo de “conotação pública” da cárcere de San Miguel enquanto que Francisco foi inicialmente encarcerado na seção de máxima segurança da Cárcere de Alta Segurança, mas logo foi transferido em junho de 2021, junto com outros companheiros, para a prisão La Gonzalina de Rancagua, onde se encontra atualmente.

É fundamental ressaltar que ambxs, neste tempo de confinamento, têm contribuído permanentemente com os debates anárquicos e da guerra social por meio de seus escritos, comunicados e artigos, dando conta que a prisão não é o fim de nada, mas sim outra trincheira de onde continuar a luta insurrecional, que seus muros, grades e jaulas não são suficientes para romper a solidariedade e a cumplicidade entre ácratas. É desse lugar também de onde devemos situar que Francisco assumiu os feitos que os acusam, dando assim validade e vigência a um anarquismo de ação ofensiva e à necessidade da continuidade de seus golpes.

Na prisão ambxs formaram, junto com outrxs companheirxs, um coletivo de presxs anarquistas e subversivos, como outro modo de continuar a luta desde a cárcere. Reflexo dessa articulação de vontades refratárias foi a greve de fome que sustentaram durante mais de 50 dias a partir de 22 de março de 2021, quando exigiram a anulação das modificações do decreto de lei 321 e a liberdade de Marcelo Villaroel.

No último 10 de agosto, mais de dois anos do início do processo e após uma série de ampliações nos prazos que a investigação foi encerrada, dando assim o andamento da acusação definitiva onde hoje a promotoria solicita 30 anos de prisão contra Mónica, acusando-a de dois delitos de colocação de artefatos explosivos. Contra Francisco os perseguidores solicitam 129 anos de prisão por dois envios de artefatos explosivos, 3 homicídios frustrados, lesões e danos, bem como a colocação de mais 2 bombas.

A Fiscalía Metropolitana Sur, representada por Claudio Orellana, promotor

especialista em bombas e processos contra antiautoritárixs, buscará levar mais de 166 testemunhas, 53 peritos e mais de 400 provas, numa tentativa de ajustar contas após a impossibilidade de conseguir condenar xs companheirxs em 2010 no Caso Bombas. No mesmo sentido, burlando seus próprios obstáculos legais, tenta qualificá-lxs como “reincidentes” pela condenação anterior na Espanha.

Para muitxs, as esmagadoras penas com as quais buscam sepultar xs companheirxs podem ser verdadeiramente paralisantes. Frente a uma aparente imparável maquinaria jurídica, pareceria que somente poderia se propagar uma sensação de impotência e frustração. Porém, é justamente a esse ponto que o poder busca nos levar. A solidariedade ácrata, por sua vez, sabe abrir caminho, repleta de vitalidade e criatividade, aposta em destruir as pretensões que os poderosos têm de aniquilar não somente nossxs companheirxs, se não a própria ideia de rebelião.

Um reconhecido ex-ministro que encabeçou a repressão; a delegacia de onde saíram os assassinos de Claudia López; o bairro dos ricos, blindado durante a revolta; ou a polícia mutiladora, foram os alvos daquelas ações. Suas motivações são as nossas e a de todxs nós que rechaçamos o mundo da autoridade e obediência. As ações pelas quais xs companheirxs enfrentaram o julgamento são completamente válidas e legítimas contra os poderosos e repressores.

Quem devolveu os golpes e acabou com a impunidade dos repressores se situa numa explícita e antiga tradição revolucionária, e particularmente anárquica, que busca, com as próprias mãos, destruir o monopólio da violência do Estado e a tranquilidade de quem, desde seus postos, tem comandado as mais brutais incursões repressivas. É dentro dessa mesma linha história que situamos o caso dxs companheirxs Mónica e Francisco.

O chamado é para multiplicar a solidariedade e agitação com xs companheirxs. Levantar desde já iniciativas descentralizadas frente ao julgamento e frear os anseios dos perseguidores que buscam encarcerar Mónica e Francisco por décadas.

Sem nenhum espaço para a indiferença: solidariedade e cumplicidade com quem ataca os poderosos e repressores!

Liberdade para Mónica e Francisco!